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Novo estudo revela como rejuvenescer o sistema imunológico de idosos e reduzir o risco de doenças infecciosas

by viviejaque

Rubens de Fraga Júnior

Um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Irvine, identifica uma razão pela qual os idosos são significativamente mais suscetíveis a doenças infecciosas do que os mais jovens, uma questão crítica da sociedade mais recentemente exemplificada pela pandemia de Covid-19.

Os resultados do estudo também abrem caminho para novos alvos terapêuticos em potencial para rejuvenescer o sistema imunológico em idosos e, assim, reduzir o risco de doenças infecciosas.

“Por meio deste estudo, ganhamos uma nova compreensão do por que os idosos são mais suscetíveis a doenças infecciosas, o que nos permitirá identificar potenciais novos tratamentos”, disse o autor sênior Michael Demetriou, MD, Ph.D., professor de neurologia na Faculdade de Medicina da UCI e chefe da Divisão de Esclerose Múltipla e Neuroimunologia da UCI. O primeiro autor e professor assistente do Departamento de Patologia da UCI, Haik Mkhikian, MD, Ph.D., acrescentou: “Identificamos uma potencial fonte de juventude para o sistema imunológico”.

O estudo, intitulado A deficiência associada à idade da imunidade das células T está ligada à elevação sexual-dimórfica da ramificação do N-glicano, foi publicado na Nature Aging.

A imunidade das células T diminui com o envelhecimento, aumentando assim a gravidade e a mortalidade por doenças infecciosas. As células T são o “quarterback” do sistema imunológico e coordenam as respostas imunes para combater infecções. A adição de cadeias de carboidratos complexas e ramificadas (‘glicanos’) às proteínas suprime a função das células T.

Neste estudo, os pesquisadores mostram que os glicanos ramificados aumentam com a idade nas células T de mulheres mais do que em homens devido a aumentos associados à idade em um importante metabólito de açúcar (N-acetilglucosamina) e sinalização pela citocina de células T interleucina-7.

“Nossa pesquisa revela que reverter a elevação nos glicanos ramificados rejuvenesce a função das células T humanas e de camundongos e reduz a gravidade da infecção por Salmonella em camundongos fêmeas velhas”, comentou Demetriou.

Mkhikian afirmou que “isso sugere vários novos alvos terapêuticos potenciais para revitalizar as células T antigas, como a alteração de glicanos ramificados ou a elevação desencadeada pela idade na sinalização sérica de N-acetilglucosamina e IL-7”.

A disfunção imune associada ao envelhecimento, conhecida como imunossenescência, contribui para o aumento da morbidade e mortalidade por doenças infecciosas e neoplásicas em adultos com 65 anos ou mais. Nos EUA, por exemplo, cerca de 89% das mortes anuais por influenza ocorrem em pessoas com pelo menos 65 anos de idade, apesar dessa faixa etária representar apenas cerca de 15% da população do país. Mais recentemente, a vulnerabilidade de idosos a infecções virais foi tragicamente destacada pelo recente surgimento do coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). O aumento da morbidade e mortalidade em idosos também ocorre com infecções bacterianas comuns, como as causadas pelo patógeno entérico Salmonella. Além disso, a eficácia das imunizações diminui com a idade, aumentando ainda mais o risco de infecção em adultos mais velhos. O rápido envelhecimento da população no mundo desenvolvido agrava esse problema e aumenta a necessidade de intervenções que efetivamente visem a imunossenescência.

Fonte:Haik Mkhikian et al, Age-associated impairment of T cell immunity is linked to sex-dimorphic elevation of N-glycan branching, Nature Aging (2022). DOI: 10.1038/s43587-022-00187-y

Rubens de Fraga Júnior é professor de Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e é médico especialista em Geriatria e Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

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