Profissionais brasileiros ganham destaque entre os recrutadores americanos pelas especializações e experiência na área, e já representam ⅓ das requisições de vistos permanentes para trabalho
Os EUA podem sofrer uma escassez de mais de 400 mil auxiliares de saúde domiciliar, 95 mil auxiliares de enfermagem e quase 30 mil enfermeiros, além de outros profissionais da área da saúde, até 2025. É o que mostra um relatório inédito produzido pela consultoria global Mercer. Segundo a empresa, essa situação tende a se acentuar ainda mais com a pandemia da Covid-19 e o envelhecimento da população.
Os profissionais de enfermagem compõem uma das maiores forças de trabalho nos EUA, com mais de 3,8 milhões de pessoas, de acordo com Associação Americana de Faculdades de Enfermagem (AACN). 58% desses profissionais trabalham em hospitais e centros cirúrgicos, com salários em média de US$ 70.000 por ano.
Mas o que isso tem a ver com o Brasil? De acordo com o Departamento para Assuntos Consulares do Governo dos Estados Unidos, em 2019, 1.389 vistos de trabalho foram emitidos para brasileiros na categoria EB2 (visto de trabalho e moradia permanentes com acesso ao Green Card), e esse número passou para 1.899 em 2020, um salto de 36%. Com as restrições de atendimento durante a pandemia, muitos vistos ficaram pendentes no ano passado, porém, no ano fiscal de 2022 já haviam sido emitidos 797 vistos na categoria EB2, e outros 894 estão na lista de espera. Essa tendência de crescimento já é observada por muitas empresas que trabalham com imigração legal.
É o caso da D4U USA Group, assessoria legal imigratória com escritórios no Brasil e Estados Unidos, que observou já em 2020 um crescimento de 30% na requisição de visto permanente por profissionais de saúde. No ano passado, a empresa registrou aumento de 152% nos pleitos imigratórios. E mais de um terço deles foram para profissionais ligados à saúde.
“O cenário da pandemia inclusive acelerou o processo do Green Card para esses trabalhadores, com uma redução de 18 para até seis meses. Entre as principais motivações que estão levando médicos e enfermeiros a buscar residência em solo americano estão valorização profissional, segurança, qualidade de vida e melhor remuneração que, em alguns casos, ultrapassa U$S 80 mil anuais”, comenta Wagner Pontes, CEO da D4U USA Group. Além de enfermeiros, a empresa também registrou procura de profissionais de fisioterapia e ortodontia.
O site da revista Newsweek, trouxe uma matéria abordando a escassez de profissionais de enfermagem. A publicação mostrou que o número de Green Cards emitidos chegou a 280 mil, mais do que o dobro em relação ao ano anterior. A expectativa dos recrutadores é aproveitar a tendência para conquistar mais profissionais de saúde estrangeiros.
Um levantamento recente no LinkedIn apontou os 25 cargos que mais crescem nos Estados Unidos e, liderando a lista, estava “Vaccine Specialist” (especialista em vacinas). “Surgical Intense Nurse” (enfermeiro de UTI ou enfermeira médica cirúrgica) e “Postpartum nurse” (enfermeiros de parto) apareceram em 14º e 17º, respectivamente.
“O profissional brasileiro é muito valorizado e requisitado nos EUA, principalmente pelas especializações, mestrados e doutorados que tem em seu currículo. Tanto na área de saúde, como na área de tecnologia e administração. A experiência é levada muito em consideração, acrescenta Pontes.
Os movimentos do governo do presidente Joe Biden para rever as restritivas políticas de imigração da era Donald Trump podem abrir uma nova era de oportunidades para profissionais de saúde brasileiros.