Pesquisa demonstra que a maioria dos cuidadores familiares possuem 50 anos ou mais e a maioria deles são mulheres
No dia 20 de março, é comemorado o “Dia Nacional do Cuidador de Idosos”, ocupação que tem crescido em paralelo ao aumento da expectativa de vida do brasileiro, que atualmente é de 76,8 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE)[i]. Com o envelhecimento da população, os cuidados com a saúde e bem-estar dos indivíduos com idade acima de 60 anos também se intensificam e os cuidadores se tornam essenciais nessa rotina, sejam eles profissionais ou familiares.
Um dado interessante sobre o tema é que os idosos brasileiros estão sendo cuidados por indivíduos com mais de 50 anos. A recente pesquisa “Cuidadores do Brasil”[ii], realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) e Veja Saúde, com o apoio da Novartis, que ouviu 2.534 cuidadores (2.047 familiares e 487 profissionais) de todas as regiões do país, demonstrou que seis em cada dez respondentes do estudo têm pelo menos 50 anos – e 27% dos cuidadores familiares têm 60 anos ou mais.
Além disso, 83% deles são mulheres: mães, filhas, esposas, sobrinhas, tias, primas que se dedicam a cuidar de seus parentes adoentados. A situação é complexa, pois 90% cuida de alguém, profissionalmente ou não, sem ter tido nenhuma formação para isso.
“A responsabilidade é enorme e a jornada de trabalho é diária para oito em cada dez familiares. Muitos deles não têm com quem revezar. O cuidador profissional sofre ainda mais nessa jornada: não é raro que seu escopo de atividades seja confundido dentro dos lares, fazendo com que assumam outras tarefas na residência”, explica Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida e idealizadora desse estudo. A empreendedora social ainda ressalta que cerca de 40% dos participantes acreditam que a ocupação é totalmente desvalorizada no Brasil, chamando a atenção para importância da conscientização da sociedade sobre o papel e a responsabilidade de quem cuida.
O cuidado da pessoa idosa requer habilidades, pois a questão envolve aspectos econômicos, relações familiares e, muitas vezes, a presença de diversas comorbidades, associada à doença específica que levou a pessoa a necessitar de um cuidador, seja ele profissional ou não. Alguns eventos, comuns em idosos, como AVC, infarto e doenças neurodegenerativas são exemplos de condições que podem resultar na necessidade de cuidados contínuos ao paciente.
A pesquisa ressalta ainda que entre os cuidadores familiares, 96% participam das decisões relacionadas ao bem-estar do paciente e 88% estão ao seu lado nas consultas médicas. “Os cuidadores exercem hoje um papel essencial na jornada do paciente. São eles quem acompanham a pessoa doente nas fases do tratamento e ainda são corresponsáveis pela adesão às terapias indicadas pela equipe médica e, atualmente, esse personagem é muitas vezes invisível para o sistema de saúde, quando deveria ser reconhecido como um ator importante”, reforça Cátia Duarte, Diretora de Comunicação e Relacionamento com Pacientes da Novartis Brasil.
Diante deste cenário, muitos cuidadores sofrem com estresse emocional, insônia, dores e outros problemas de saúde. Em 2018, a Novartis assinou o Compromisso com Pacientes e Cuidadores, que consiste em um trabalho ativo com grupos de pacientes e cuidadores em todo o mundo, calcado em quatro pilares estratégicos: respeitar e compreender as perspectivas dos grupos de pacientes e cuidadores, expandir o acesso aos medicamentos, realizar estudos clínicos de forma responsável e reconhecer a importância da transparência.
“É fundamental que a indústria farmacêutica, o governo e a sociedade civil como um todo pensem e desenvolvam estratégias para apoiar os cuidadores e familiares quando esse momento chega, pois muitos passam a investir grande parte de seu tempo aos cuidados do outro, trazendo desafios não só emocionais, mas inclusive econômicos para si”, complementa Cátia.