*João Paulo Silveria, CEO da Domicile e especialista em fisioterapia respiratória
Em 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a definição de saúde como ‘um estágio de bem-estar físico, mental e social e não só a ausência de doenças ou enfermidades’ e esse conceito, sem dúvidas, mudou a forma como vemos a saúde.
O conceito recebeu, ainda, uma mudança maior tendo em vista que os padrões e tipos de doenças mudaram do século passado para cá. Se seguíssemos essa premissa de 1948, milhões de pessoas de todas as idades seriam reprovadas por não atingir um grau satisfatório em nível saudável, até porque a população está cada vez mais velha e os problemas crônicos, deficiências e acidentes permanecem presentes na rotina de um hospital.
Essa antiga definição ainda minimiza o papel da capacidade humana de lidar com desafios físicos, emocionais e sociais. Com isso, ao entender que as pessoas conseguem seguir com uma sensação de realização e bem-estar mesmo quando sofrem de uma condição crônica e deficiência, levou de novo os pesquisadores a buscarem novas definições.
Passamos também por uma série de mudanças tecnológicas e científicas. Os profissionais passaram a se especializar em assuntos alternativos e com outras especificidades da medicina. Hoje, o paciente entende que uma equipe multidisciplinar, o bom atendimento médico, um diagnóstico precoce, a prevenção, o apoio e contato com a família são importantes para qualquer fase de um tratamento, independente do quadro e da gravidade dele.
Todas essas evoluções abrem espaço para o home care. Segundo o Censo Nead-Fipe 2019/2020 a geração de empregos para esse setor, cresceu. São cerca de 106 mil profissionais empregados na atividade. E de acordo com o Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (Nead), em 2018 eram 18 empresas atuando nesse mercado, hoje, já são mais de 830. Com o avanço do entendimento da população sobre a saúde, os convênios médicos e a própria saúde pública passou a investir mais em tecnologias e formatos de atendimento.
Essa modalidade de atendimento, que prevê a continuidade de um tratamento no domicílio do paciente, possui inúmeros benefícios para pacientes e hospitais. O home care permite a desospitalização precoce, que impacta na redução da lotação de hospitais, diminui riscos de infecção e reinternação de pacientes. Além disso, o cuidado em casa pode acelerar o restabelecimento da saúde do paciente, pela proximidade do contato com médicos e equipes multidisciplinares, qualidade de serviço e pela proximidade com amigos e familiares.
Com a pandemia, vimos saltar a adesão ao home care em cerca de 40%, o que mostra avanços em questão de confiabilidade desse tipo de serviço. Para o futuro da saúde no Brasil, poderemos ver o setor apoiado cada vez mais em tratamentos home care, ou seja, uma adesão ainda maior a essa modalidade e, consequentemente, gerando mais empregos. Hoje, felizmente, também já vimos outros benefícios nesse tipo de atendimento e veremos daqui para frente mais investimentos de aparelhos, tecnologias, profissionais e estudos acerca do home care no Brasil.
Ainda para o futuro do setor, veremos o modelo abraçando cada vez mais pacientes de idades variadas e em todos os serviços, que vão desde a consulta médica, atendimento semanal de um fisioterapeuta, até um paciente que precisa de uma estrutura mais complexa, como é o caso de internação. Para garantir a continuidade dos cuidados e a segurança dos pacientes, destacam-se também as plataformas de telemedicina, que permitem o atendimento a distância por videoconferência. Além da possibilidade de fazer uma teleconsulta, uma reunião entre familiares do paciente por videoconferência, envio online de receitas e exames e com o desenvolvimento da tecnologia 5G veremos mais agilidade e qualidade dos aparelhos, inclusive aqueles que realizam monitoramento de sinais vitais e alteração do quadro de saúde do paciente.