Jecilene Rosana Costa Frutuoso*
O novo coronavírus foi detectado primeiramente na cidade de Wuhan, na China, no final de 2019. A Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou como pandemia quando se espalhou rapidamente, em 31 de janeiro de 2020. Covid-19 é uma doença infecciosa que pode causar disfunções físicas e respiratórias em curto e longo prazos, trazendo diversos desafios para a fisioterapia e toda a equipe da saúde.
A infecção pelo vírus da Covid-19 tem como principais sintomas febre, fadiga, tosse seca, falta de ar (dispneia), mialgia, dor de cabeça, produção de secreção, hemoptise e diarreia. A maioria dos pacientes desenvolve a forma leve ou assintomática da doença. Casos mais graves podem necessitar de cuidados intensivos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo o fisioterapeuta especialista responsável pelos parâmetros dos aparelhos ventilatórios.
De acordo com a OMS, os fisioterapeutas avaliam, planejam e implementam programas de reabilitação que melhoram ou restauram as pessoas em suas funções motoras, maximizam a capacidade do movimento, aliviam síndromes de dor, tratam ou previnem desafios físicos associados a lesões, doenças e outras deficiências. Desta forma, os serviços de fisioterapia são necessários e essenciais não só para pacientes crônicos, mas, também, para a saúde, a promoção e a prevenção de doenças. Devido às complicações patológicas promovidas pela Covid-19, atualmente, o trabalho fisioterapêutico em unidades de cuidados intensivos de saúde, ambulatórios e residências é essencial.
O acompanhamento do fisioterapeuta é importante, pois, de acordo com o comprometimento respiratório ou musculoesquelético, o paciente necessitará de um trabalho de recuperação funcional para restabelecer sua qualidade de vida. Após contrair Covid-19, a pessoa poderá apresentar alguma repercussão funcional. Alguns apresentam limitações que dificultam a realização de atividades cotidianas básicas, como caminhar, subir escadas e rampas, tomar banho e realizar a higiene pessoal. Assim, a fisioterapia poderá ser respiratória e motora.
A pandemia de Covid-19 obrigou muitos fisioterapeutas a se reinventarem para estarem próximos de seus pacientes, e o uso das ferramentas digitais, tanto pelo profissional quanto pelo paciente, foi muito importante. Desta forma, o fisioterapeuta consegue atender seu paciente virtualmente, ensinando algumas técnicas e acompanhando, dependendo do caso, em domicílio.
O sistema de home care existe há décadas no Brasil, mas, com a pandemia, ganhou outro patamar. Esse atendimento domiciliar, assim como o acompanhamento de uma equipe interdisciplinar, pode ser necessário para tratar os diferentes problemas decorrentes da doença. O tratamento fisioterapêutico domiciliar apresenta inúmeras vantagens, desde a economia de tempo e transporte (que pode incluir combustível e estacionamento) até o conforto e a comodidade ao paciente, que não precisa se deslocar. Além disso, também evita o risco de novo contágio em ambientes ambulatoriais.
O atendimento é cercado de cuidados e protocolos de higiene, com uso de máscara, aventais e propé. Os profissionais estão seguindo os protocolos internos e as recomendações do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito) com foco nos cuidados, tendo atenção redobrada em relação à Covid-19, além das recomendações oficiais da Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (Assobrafir), em 27/04/2020, acerca de aspectos éticos e legais.
O fisioterapeuta tem o papel de prevenir a disseminação dessa doença, orientando os pacientes e seus familiares com o intuito de minimizar os impactos àqueles que estão precisando de cuidados em casa. Ele é responsável pela avaliação funcional, pelo planejamento e pelo tratamento do paciente, para restabelecer o pleno bem-estar e a qualidade de vida.
*Fisioterapeuta especializada, mestra e doutora pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp).