Familiares, muitas vezes, agridem e humilham verbalmente aqueles que não escutam bem
15 de junho é o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data foi criada em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa (INPES). No Brasil, já são mais de 30 milhões de brasileiros idosos e é urgente o debate em torno do tema.
Uma das principais dificuldades na vida de um idoso é conviver com a perda auditiva, que ocorre em consequência do processo natural de envelhecimento. E essa deficiência auditiva, quando não é tratada, é mais uma causa, dentre tantas, de violência contra os mais velhos. São inúmeros os casos de agressões verbais e maus-tratos, principalmente por parte de familiares.
A violência psicológica é uma realidade. Ela é caracterizada por atos de humilhação, desvalorização moral ou deboche, que abalam a autoestima do idoso e podem desencadear situações de isolamento, bem como depressão e distúrbios nervosos.
Estudo conduzido pela socióloga Maria Cecília Minayo, pesquisadora emérita da Fundação Oswaldo Cruz, mostrou que, em todo o mundo, mais de 60% dos casos de violência contra idosos ocorrem dentro nos lares.
“Normalmente os agressores vivem dentro de casa com a vítima. Dois terços desses agressores são filhos, que agridem mais do que as filhas, seguidos por noras ou genros, e cônjuges, nesta ordem. Os idosos quase não denunciam, por medo e para proteger os familiares”, revelou Minayo, acrescentando que “a violência faz parte da comunicação, quando se fala gritando, desprezando, abusando”, lembrou a pesquisadora.
Como lidar com idoso com perda auditiva não tratada
A perda de audição não tratada ainda é bastante comum. Por isso, para o familiar, o mais importante é exercitar a paciência. Com frequência, o idoso que não ouve bem pergunta “o quê?” várias vezes durante uma conversação. E é preciso repetir quantas vezes for necessário, com frases curtas, até que ele compreenda. Isso vale, inclusive, no caso dos idosos que estão na fase de adaptação do aparelho auditivo. Não grite ou fale muito alto. Ao invés de ajudar, isso acaba dificultando o entendimento. O melhor é falar pausadamente. Gesticular também pode ajudar muito.
É fundamental também que crianças e adolescentes que convivem com esse idoso sejam educadas para que tenham paciência e carinho com ele. O apoio dos netos e sobrinhos é fundamental para que ele se sinta bem à vontade em família. Os adultos devem ensinar as crianças, desde pequenas, a respeitar os mais velhos. E serem firmes quando eles chegam na fase da adolescência, quando tendem à impaciência e rebeldia. Antes de tudo, dê você mesmo o exemplo!
É preciso ter paciência também para convencer o idoso, muitas vezes, a buscar tratamento. Enfatize que o que vai resguardá-lo de todas essas dificuldades e chateações é voltar a ouvir! E que isso é possível! O primeiro passo é buscar a orientação de um médico otorrinolaringologia e/ou fonoaudiólogo para avaliar o tipo e o grau de perda auditiva. Na maioria dos casos, o uso de aparelhos auditivos é a opção para a reabilitação auditiva.
“Atualmente, há no mercado uma diversidade de modelos de aparelhos auditivos que, por serem pequenos, discretos e com design moderno, estão ajudando a derrubar resistências e preconceitos. É extremamente importante que a pessoa com perda auditiva se beneficie da tecnologia para voltar a ouvir os sons da vida, retomando a autoconfiança e a alegria do convívio em sociedade”, diz a fonoaudióloga Marcella Vidal, Gerente de Audiologia Corporativo, Telex Soluções Auditivas.
Por isso, é imprescindível que aos primeiros sinais de dificuldade para ouvir se busque tratamento. Além de proporcionar melhoria no relacionamento com amigos e parentes, voltar a ouvir vai garantir maior confiança e segurança no dia a dia, em situações dentro de casa e nas ruas. Após a avaliação audiológica, caberá ao fonoaudiólogo indicar o tipo de aparelho auditivo mais apropriado para cada paciente.
Lembre-se de que o idoso que tem dificuldade para ouvir é um ser humano, com seus medos e angústias. Familiares relatam que muitos são impacientes e zangados. A maioria, no entanto, não quer causar incômodo. Eles precisam apenas de apoio, compreensão e ajuda para voltarem a ouvir.
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